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Archive for 10 de janeiro de 2010

Naquela semana esquisitinha entre natal e ano novo, fui na Livraria Cultura e comprei um livro que não consigo mais largar: “Monteiro Lobato – Livro a Livro”. Nele estão reunidos artigos de vários estudiosos sobre Lobato como autor e editor. Estão divididos por obra e em ordem cronológica, o que nos faz entender melhor a trajetória completa dele.

O mais legal foi entender, com profundidade, o processo criativo do Lobato como escritor e a revolução que ele fez no mercado editorial infantil a partir da década de 20. Ele tinha uma necessidade clara e muito visceral de estimular nas crianças o espírito crítico tão ausente na nossa sociedade. Se ainda não temos, imagine naquela época.

Ele usa seu brilhantismo para subverter e começa propondo uma nova linguagem para as obras infantis, sobretudo pelo uso (até então inexplorado) do coloquialismo e de neologismos. Eu não sabia, por exemplo, que ele reescrevia um texto um milhão de vezes para chegar àquele naturalismo na linguagem.

Coloca na mente e na boca de seus personagens falas que questionam a ordem tão moralmente aceita dos adultos. A turma do sítio não só viaja para onde bem entender quanto pode dar soluções a acontecimentos históricos do Brasil e do mundo. Lobato tem uma ânsia enorme de falar para crianças que todas elas poderiam fazer o mesmo.

Com esta leitura, pude entender direitinho como ele construiu o caráter de seus personagens e qual era o projeto político que tinha com cada um deles. Como o exemplo de Dona Beta, a maior contadora de histórias que a literatura infantil brasileira já teve, porque seu criador jamais desistiu da ideia de construir um país de leitores.

O livro é rico em muitos outros sentidos. Como todo artista, muito da personalidade de Lobato estava implícito em seus personagens (a impetuosa Emília é o próprio Lobato) e suas histórias. E é gostoso, nessa leitura, ver como todas estas coisas se deram.

Para os amantes de Lobato, vale muito a pena. Depois de ter comprado, fui descobrir que o livro ganhou o Jabuti do ano passado na categoria crítica literatura. Olha, mereceu, viu…

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